A FOTO DO VALE A PENA SONHAR


Remexendo em umas fotografias, eis que me deparo com uma de significado histórico na vida de sonhos de uma parte da juventude caicoense. Era o ano de 1991. Ainda repercutia em nossos ouvidos o LULALÁ, BRILHA UMA ESTRELA! Estávamos ansiosos em receber em nossa cidade Luiz Inácio Lula da Silva, que percorria o país inteiro com as Caravanas da Cidadania. Éramos um punhado de jovens pretensiosos, mas ainda um estado de espírito, e queríamos preparar uma grande festa para nosso já líder maior. Não tínhamos dinheiro para bancar a estrutura e nos largamos e campo vendendo rifas, camisetas, bonés e fazendo feijoadas, o que mais sabíamos fazer em nosso cotidiano no partido.

Juntamos o suficiente para alugar dois caminhões que serviriam de palco e contratamos uma banda para animar a atividade política que imaginávamos não ter como não ser grandiosa! Tudo acertado era só esperar o grande dia! Era o prenúncio de um sonho que sabíamos que não estaria tão longe! Articulações nos bairros, nos colégios, na zona rural, enfim percorremos todos os quadrantes da cidade com nossas bandeiras, com nossa ousadia!

No dia marcado, começamos logo cedo os preparativos da festa. A Coronel Martiniano se encheu de voluntários para colocar faixas de boas vindas a Lula, para enfeitar de vermelho os postes, as árvores e as residências que nos permitiam colocar nossa estrela de cinco pontas! A rua fervilhava de gente e havia um cheiro de humanidade que impregnava a todos nós! Cada uma das almas que ali se encontravam tinha absoluta certeza de que o futuro era possível. Era real e não tardaria a chegada de um metalúrgico ao poder republicano, patrocinada por um partido de filhos da margem que surgiu conquistando parte da intelectualidade vigente.

Tigrão, Maguila, Gito, Conceição, Janiayre, Fátima Saraiva, Raimundo Melo, Isabel Cristina, Iara, Célia, Cleide, enfim toda a nossa militância e uma mascotezinha, Maria Luísa, nossa filha nascida há poucos meses. Os militantes eram seus babás. Uma parada para uma mamada e a volta aos braços de um e de outro, enquanto a mãe se entregava as atividades de organização do evento. E ela era só alegria, não estranhava nenhum de nós, uma vez que foi gerada nas discussões e nos embates internos do Partido dos Trabalhadores-PT.

A frente da Casa Esperança era nosso espaço de repouso para recompor as energias, ao som dos versos de Chico Buarque, Apesar de você, amanhã há de ser outro dia, em disputa com o Caminhando e cantando e seguindo a canção de Geraldo Vandré, tocadas no Gravador E Toca Fitas K7 Nacional, de segunda mão, comprado no Beco da Troca. A fita tinha sido gravada por Antonio Mamede do Correios.

Bem pertinho do horário do comício, uma noticio desesperadora: “Seu Zé Patrício” não iria mais disponibilizar o caminhão e foi um Deus nos Acuda! Foi preciso a intervenção de “Seu Antonio da Casa dos Esportes” que chegou e disse: “Compadre, não faça uma desgraça dessas com esses jovens cheios de sonhos”. E ao final foi mantido o acordo e comício realizado, o maior até então na história da cidade, e Lula foi convencido a pernoitar em Caicó e com certeza ungido nas águas do nosso açude Itans.

Vinte anos depois daquele 1991, os jovens da fotografia se encontram com seus cabelos embranquecidos e alguns são pais de famílias, mas todos se mantêm em sintonia com os valores impulsionadores de sonhos e militam na busca de dias melhores para todos.

Nossa mascote cursa o sexto período de medicina. É uma bela menina que cumpre com disciplina a construção de sonhos que não se permitem interrompidos.

E como é gratificante a imagem do sonho!

Gilberto Costa

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