Maquiagem e hormônios dificultam uso de lentes entre mulheres

Éverton Oliveira - Redação Saúde Plena

A má adaptação à lente de contato é um problema comum entre os brasileiros. A dificuldade foi acirrada por muitos anos pelo acesso facilitado e o uso indiscriminado desses produtos, fatores que aumentaram significativamente o número de complicações como irritações, inflamações e até mesmo danos irreversíveis à córnea, gerados pelo mau uso desses acessórios. Especialistas estimam que o uso incorreto das lentes faz com que duas entre cada 10 pessoas sofram problemas na visão.

Os episódios de problemas associados ao uso inadequado de lentes se tornaram tão recorrentes, que o Conselho Federal de Medicina (CFM) determinou, por meio de uma nova resolução, no início deste ano, que a indicação, a adaptação, os exames complementares e o controle desses produtos deveriam ser acompanhados por um médico. A resolução foi instituída depois que o conselho recebeu relatos do aumento de acidentes relacionados ao uso incorreto do produto, vendido, muitas vezes, sem nenhuma orientação de um oftalmologista. Desde a instituição da resolução, só é possível adquirir lentes de contato com receita médica.

Mas muitas pessoas ainda se vêem em dificuldade para usar lentes sem nenhum tipo de problema, mesmo com o acompanhamento de um oftalmologista. Entre as diversas complicações que podem surgir, as mulheres são as mais afetadas. Os hormônios sexuais femininos fazem com que a mulher seja predisposta a sofrer disfunções nas lágrimas – a principal causa da intolerância à lente.

Outro fator associado ao gênero feminino que é um grande vilão do uso de lentes é a maquiagem. Estima-se que ela seja responsável por aproximadamente 35% dos casos de complicações do uso da lente em mulheres, graças à penetração de cosméticos nos olhos. Os resíduos que entram ali formam depósitos que podem quebrar o filme lacrimal, intensificando a irritação dos olhos. Os depósitos também causam mudanças na textura e cor das lentes, causando maior fricção na superfície do olho e diminuição do prazo de validade do produto.

Outro risco oferecido por cosméticos é que os resíduos que entram nos olhos podem neutralizar a ação antibactericida das proteínas presentes nas lágrimas, aumentando as chances de ocorrerem alergias.

Essa “sujeirinha” acumulada ainda cria uma espécie de biofilme capaz de neutralizar a ação das proteínas antibactericidas da lágrima, ou seja, a defesa natural do nosso olho é diminuída. Isso faz com que aumentem o risco de alergia e úlcera na córnea. O perigo é ainda maior na estiagem do inverno porque neste período o ressecamento da lágrima aumenta. Significa que independente da validade indicada na embalagem da lente de contato a recomendação é consultar um oftalmologista e interromper o uso imediatamente quando os olhos apresentarem: vermelhidão, sensação de corpo estranho e visão embaçada. Em muitos casos é necessário trocar a lente antes do vencimento.

Escolha da maquiagem mais adequada

A seleção correta das maquiagens preserva a lente e a saúde ocular. As principais dicas para minimizar as chances de irritar os olhos ou perder a lente antes do vencimento são:

* Evitar rímel ou delineador a prova d’água porque podem manchar definitivamente a lente.
* Não usar rímel alongador. Os fios de nylon podem cair no olho e causar irritação.
* Dar preferência aos lápis macios.
* Substituir as sombras em pó por sombras em bastão para não cair resíduos dentro do olho.


Além disso, o uso seguro de maquiagem depende dos seguintes cuidados:

* Lavar as mãos antes de colocar a lente.
* Colocar a lente antes de aplicar a maquiagem.
* Manter o lápis apontado para não arranhar o olho.
* Nunca aplicar lápis na borda interna das pálpebras, já que isso pode irritar os olhos.
* Evitar aplicar rímel muito próximo à raiz dos cílios.
* Manter os olhos fechados na aplicação de pó ou blush.