Dia do Estudante no RN é marcado pela falta de conteúdo após greve

Hoje é o Dia do Estudante. As comemorações, que normalmente se resumem a algum evento entre alunos na própria escola, este ano deram lugar a reclamações na rede estadual sobre a reposição do conteúdo das aulas perdidas com a greve dos professores, que durou 80 dias. Muitos alunos reconhecem que necessitam dessa reposição, mas resistem a abrir mão de um dia de lazer (sábados e feriados) para assistir uma aula sem planejamento que, segundo eles, "não leva nada a lugar nenhum, servindo apenas para cumprir o calendário exigido pela Secretaria de Educação". O resultado dessa falta de planejamento é o esvaziamento de alunos nas escolas aos sábados de reposição, como a reportagem constatou na Escola Estadual Walter Pereira, no conjunto Santa Catarina, zona Norte de Natal.

Nessa escola, cerca de 30% comparecem às aulas do sábado. Um número que estabilizou e que não há perspectivas de melhora, segundo informou a diretora Maria Selma do Nascimento Paiva. Dos cerca de 1.000 alunos apenas 300 vão à escola no sábado, um problema. "Muitos alunos trabalham no sábado, outros fazem cursos profissionalizantes e muitos outros não querem largar o lazer", disse a diretora. Ela acrescenta que por causa desses problemas tem orientado os professores a não fazerem a chamada dos alunos para evitar prejudicá-los com a falta.

As alunas Jéssica Paula, 16, e Gabriela Paulino da Silva, 14, dizem que não vão à aula nos sábados porque o percurso de sua residência até o colégio dura em torno de uma hora. "Se já é perigoso durante a semana, imagine no sábado". Além disso, elas disseram que aproveitam o sábado para fazer curso de informática no telecentro da zona Norte. Já a aluna Ingrid Karolaine, 16, foi mais contundente. Ela diz que as aulas não têm conteúdo e por essa razão ela e seus colegas estão se recusando a ir à escola. Para Ingrid, não se justifica tirar um dia de lazer do aluno, para apenas assistir apresentação de um filme ou participar de uma coleta de produtos recicláveis no pátio da escola. "Entendo que catar esse material ou mesmover o filme pode ser uma aula prática de meio ambiente ou de história, mas não é conteúdo e é uma situação que podemos até fazer em casa", reclama.

A professora de artes e cultura do RN, Cristiane Amarante e Juscelino Alves, de matemática, explicam que o conteúdo repassado aos alunos nos sábados não pode ser o mesmo da semana justamente devido à ausência de muitos alunos. "Se formos dar conteúdo novo fatalmente eles serão prejudicados, por isso optamos por um material mais complementar que não comprometa tanto o aprendizado deles. No último sábado, numa sala de 40 alunos, por exemplo, apenas 10 compareceram", justifica ela. Em outras escolas a reportagem colheu que alguns professores estão passado trabalho para os alunos como forma de preencher os dias de aulas que foram paralisados em função da greve. (Francisco Francerle)
DN

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