Falso pastor é preso na Câmara ao oferecer propina a deputados

DO CORREIOWEB
A Polícia Legislativa da Câmara prendeu ontem em flagrante um falso pastor acusado de oferecer dinheiro a deputados em troca de apoio para convencer lideranças evangélicas a se filiarem a um suposto Conselho Federal de Teólogos — que não existe. Walter da Silva Filho, do Rio de Janeiro, foi indiciado por corrupção ativa e uso de documentos falsos. No início da noite, foi encaminhado ao Departamento de Polícia Especializada da Polícia Civil do Distrito Federal.

A denúncia partiu dos deputados da bancada evangélica Paulo Freire (PR-SP), filho do pastor José Wellington — presidente da Assembleia de Deus, e Fernando Francischini (PSDB-PR), delegado licenciado da Polícia Federal. O falso pastor procurou Paulo Freire no início de julho e ofereceu R$ 50 mil a cada R$ 200 mil que fossem arrecadados de novos filiados cooptados pelo parlamentar. Walter da Silva explicou que o dinheiro viria de contribuições no valor de um salário mínimo anual pagas por cada pastor filiado e entregou documentos falsificados que comprovariam a existência do conselho.

Desconfiado, Freire mostrou os papéis a Francischini, que decidiu encaminhá-los à Corregedoria-Geral da Polícia Federal para análise. Os traços grosseiros na assinatura do Procurador-Geral da República, Roberto Gurgel, chamaram a atenção do deputado. Em 25 de julho, a resposta da PF apontou “fortes indícios de fraude e falsidades nos documentos que criam o Conselho Federal de Teologia”. Além disso, o despacho acusou a possibilidade de crime financeiro, já que o conselho oferece empréstimos em seu site, sem autorização do Banco Central. O uso indevido do símbolo nacional e de nomes de órgãos federais foram indicados como “lesão direta e específica a interesse da União” no relatório da PF.

O flagrante foi combinado entre Francischini e a Polícia Legislativa da Câmara, que recomendou a instalação secreta de áudio e vídeo no gabinete de Paulo Freire. Com a operação armada, os deputados convidaram Walter da Silva para conversar sobre o suposto conselho. “Quando ele repetiu a proposta de que poderia ganhar um salário mínimo de cada pastor e que 25% voltariam para nós, dei voz de prisão”, relata Francischini.

Na internet, o falso pastor mantinha uma página para orientar os fiéis que quisessem se tornar teólogos federados. O valor de filiação era de R$ 450, que podia ser divido em até 10 vezes. Entre os benefícios oferecidos pelo conselho inexistente estão assistência médica, mecânica, elétrica e até auxílio-funeral.

Filiações
O portal estimula os representantes do suposto conselho a buscarem novos filiados pelo país. Por cada indicação, seria possível ganhar R$ 83, não havendo limite pela recompensa por novos fiéis. Os filiados teriam direito a um diploma da entidade.

A PF instaurou inquérito para apurar as diferentes origens da empresa e quantas vítimas foram enganadas por Walter da Silva.

A PF detectou que o suposto conselho tem sede no Rio de Janeiro, o site é sediado em São Paulo e a empresa responsável pela manutenção do portal é de Uberaba.

Clima quente no Legislativo
A baixa umidade do ar nesta época do ano favorece o surgimento de incêndios no cerrado, mas, no coração do Distrito Federal, o clima também anda pegando fogo. Ontem, por exemplo, além do ministro Turismo, Pedro Novais, outros cinco titulares de pastas que têm passado por turbulências internas deram explicações no Congresso. Paulo Bernardo, por exemplo, das Comunicações, comentou o uso dos aviões de uma empreiteira por ele e por sua mulher, a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann.

Os outros quatro integrantes do governo estiveram no Senado, mas foram tratar de assuntos técnicos, como Guido Mantega, da Fazenda; Edison Lobão, de Minas e Energia; José Eduardo Cardozo, da Justiça; e Afonso Florence, do Desenvolvimento Agrário.

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