Nota do coordenador do Curso de Jornalismo das FIP

Patos – Paraíba, 27 de setembro de 2011
Aos amigos, colegas, alunos e ex-alunos
Por decisão pessoal, estou mantendo contato com alguns setores da imprensa
paraibana no intuito de poupar a família do Pe. Jerônimo Medeiros, bem como
os paroquianos da Igreja Santo Antônio e a comunidade católica do nosso Sertão
de insinuações maldosas, que em nada contribuem à prática do bom jornalismo,
cuja proposta hermenêutica é, além de informar, conscientizar a sociedade numa
perspectiva libertária. Esse principio, que tem sua gênesis no Iluminismo (séc. XVIII),
foi motivador de algumas das mais significativas transformações/revoluções sociais
que definem o panorama contemporâneo. Tomemos como exemplo a Revolução
Francesa, cujos ideais iluministas, expostos através das práticas enciclopedistas e dos
jornais, eram difundidos às classes desvalidas por Robispierre; ainda nesse ponto, é
precisamos questionar se os movimentos antecessores ao famoso Maio de 1968, como
a Primavera de Praga e os protestos estudantis que ocorriam no norte europeu, não
teriam fundamentado e articulado as ideias do movimento estudantil parisiense pela
luta de um modelo educacional desburocratizado, permitindo a difusão, projeção e
expansão das correntes de pensamento contemporâneas, referenciadas por Sartre,
Simone de Bouvoier, Bourdieu, Foucalt, entre outros... Será que se a imprensa do
mundo inteiro - fortemente representada pelo New York Times, Fination Times,
CNN, BBC of London, e alguns outros veículos/meios - não tivesse tomado partido
em mostrar algumas das atrocidades ocorridas nos claustros da cortina de ferro, as
ditaduras socialistas teriam sobrevivido?

Não quero pensar a imprensa, como os meios de comunicação, em seus aspectos
totalitários, definidos por Ingnácio Ramonet em A tirania da comunicação. Penso em
valorá-la do ponto de vista libertário, por acreditar que num estado democrático de
direito ela seja necessária à orientação, sobretudo dos humildes, que ao contrario de
mim emite, direciona, orienta e, talvez até seja manipulador de pensamentos. Que
sou eu, um homem falível como qualquer outro, dotado de defeitos e pouquíssimas
virtudes para julgar os posicionamentos, angustias e maus êxitos de quem quer que
seja???

O questionamento, para alguns excessivamente clichê, parte das postagens de alguns
comentários postados durante as últimas horas em websites que noticiam a morte do
Pe. Jerônimo Medeiros.

Na minha ignorância cibernética sei que existem ferramentas capazes de bloquear
postagens esdruxulas. Diante disso, peço encarecidamente aos websites de conteúdo

jornalístico, que façam uma triagem nas mensagens enviadas no intuito de desdenhar
não só do Pe. Jerônimo mas de toda condição humana. Solicito também a retirada,
na medida do possível, dos comentários que torturam mais os familiares abalados
e os amigos traumatizados. Aos meus alunos e ex-alunos, considerem o pedido,
levando em conta as vezes que me procuraram e eu não medi esforços para ajuda-los.
Fazendo isso, tenham certeza, vocês estarão contribuindo para o exercício da ética e
da dignidade.

Que Deus abençoe a todos,

Afetuosamente,

Prof. Ms. Flaubert Paiva

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