Motoristas potiguares preservam e apimentam modelos de carros antigos

De Bruno Vasconcelos para a redação do Diário de Natal
Eles deixaram de ser produzidos há 15 anos, mas ainda têm vaga garantida na garagem e no coração de muitos brasileiros. Os Gols "quadrados", que correspondem à primeira geração do famoso Volkswagen (1980-1996), continuam bem cotados no mercado de carros usados e viraram item de colecionador para os mais apaixonados. Tanto que alguns proprietários gastam mais do que o valor do automóvel em equipamentos para deixar o possante mais incrementado.

Os amigos Jefferson Coelho e Paulo Dantas Fernandes fazem parte do Clube do Gol Quadrado do Rio Grande do Norte (CDGQ-RN) e dedicam boa parte do tempo que têm disponível para cuidar do carro amado. O primeiro tem um Gol GTI amarelo, ano 1993, com motor 2.0 aspirado. Já Paulo - que preside o Clube com mais de 70 associados - tem um modelo igual, do mesmo ano, sendo vermelho e com motor turbinado.

Sem os equipamentos agregados ao motor, o Gol de Paulo valeria algo em torno de R$ 13 mil a R$ 14 mil, o que já é um valor bastante alto para um carro de 18 anos de uso. Só que depois de investir quase R$ 15 mil no Gol, Paulo não venderia seu modelo (algo que ele não cogita fazer tão cedo) por menos de R$ 28 mil. Só para legalizar o turbo e o rebaixamento da suspensão do veículo, ele teve que gastar R$ 1.500 no Detran. "Não dá para explicar essa paixão que nós temos pelo Gol Quadrado. Quem não gosta muito são as nossas esposas, pois dedicamos a maior parte do nosso tempo livre aos carros", brinca Dantas.

Além de deixar o possante com aspecto de original a razão de tanto investimento pode ser explicada pelos sentidos. É isso mesmo. Os motores "envenenados" dos dois Gols geram um ronco que faz arrepiar até quem não é apaixonado por carros. E não é só barulho por si só. O Gol turbinado de Paulo chega aos 240 km/h ainda na terceira marcha. O problema de tanta potência é que o carro "bebe" cerca de 1 litro de etanol a cada quilômetro percorrido. "Um dos problemas de ter um carro turbinado em Natal é que nós não temos uma pista regularizada para corremos com nossos veículos. Temos que ir para a Paraíba ou para Pernambuco para podermos utilizar os carros de forma legal. Já falamos com diversos políticos e autoridades locais para que fosse feita um pista em Natal, mas nunca tivemos um retorno", lamenta Paulo.

A justificativa para se fazer uma pista oficial para carros turbinados ou com motores envenenados em Natal é para que os proprietários desses veículos não utilizem as vias públicas como locais para rachas ou corridas.

Turbinados, aspirados ou simplesmente conservados. Cada adorador do Gol Geração 1 escolhe como vai manter sua paixão. O importante, segundo eles, é acordar todos os dias e ver aquele "Quadradão" na garagem.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Receita Federal destrói 5.200 toneladas de mercadorias apreendidas em todo o país