UMA ÁRVORE PARA A CIDADE

Eu gostaria de plantar uma árvore Que germinasse livros no verão. Muitas edições! Um recorde de produção! Livros com as cores de Castro Alves! Livros com os sabores de Borges! Livros com as mudas de Neruda! Livros gigantes, feito Cervantes! Livros temperados com Jorge Amado! Livros encadernados com folhas Dos poemas de Fernando Pessoa! E o livro matriz de Machado de Assis! Eu gostaria de plantar uma árvore Que no outono gerasse discos. Discos de Vinícius! Discos de Chico! Discos de Elis! Discos de Gil! Discos de Clara! Discos de Nara! Discos de Gal! Discos de Pascoal! Discos com os tons de Jobim! Discos sublimes do Mar de Caymmi! Discos brejeiros de Jackson do Pandeiro! Discos da Sanfona Forrozada! Discos do Mestre Luiz Gonzaga! Discos de letras doces como mel! Discos da Vila precoce de Noel! Discos maduros e digestos! Discos suaves de João Gilberto! Discos amadurecidos no pé! Discos com aditivos de Tom Zé! Discos pomposos de Ari Barroso! Eu gostaria de plantar uma árvore Que no inverno brotasse sons. E que fossem sons de Valsa! E que fossem sons de Balada! E que fossem sons de Toada! E que fossem sons de Tropicália! E que fossem sons de Bossa Nova! E que fossem sons de Jovem Guarda! E que fossem sons de Samba! E que fossem sons de Tango! E que fossem sons de Mambo! Eu gostaria de plantar uma árvore Que na primavera desabrochasse telas. Todas as pétalas caipiras de Tarsila! Todas as pétalas da brasilidade de Portinari! Todas as pétalas machucadas de Michelangelo! Todas as pétalas libertadas de Van Gogh! Todas as junções das pétalas de Picasso! E gostaria que essa árvore Enxertasse todas as estações Na geometria de seus corações! E no mais visível galho, um ninho Com as esculturas de Aleijadinho! Gilberto Costa

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