DOIS INSTANTES
Numa noite de primavera
De muitas estrelas parindo,
Rabisquei meus primeiros versos
Na companhia de uma vela sorrindo.
Eram versos dispersos!
Achei-os meio controversos
E os queimei em seus pingos.
Sobrou-me apenas um pedaço
De papel de cigarro chamuscado.
Voltei-me à inspiração do começo,
Ao parto de luzes divinas!
Eram 14 estrelas meninas
Que se diziam partes do soneto!
VOCÊ QUE ME OLHAS AO LONGE, DISTANTE
PARECENDO MESMO NÃO QUERER ME VER.
ESCONDIDA NAS NUVENS, EM NOITE DE CHOVER,
COM TEUS OLHOS MIÚDOS E BRILHANTES!
Muito primário! Pus-me a queimá-los
E a vela parecia ter fome de poesia!
Alimentei o apetite de sua chama
Com a ternura e entrega de quem ama.
Tentei a escrita por outra via,
Pois a inspiração me forçava
A fazê-lo. Ser poeta sem sê-lo,
Pouco espaço para escrever o soneto.
COMO VAGA-LUMES AMADOS E AMANTES,
FAZENDO EM MIM O AMOR REVIVER.
LEVANDO-ME AO CÉU, JUNTO A TI E MOVER,
PARA MEUS OLHOS ESSES DOIS DIAMANTES!
Há dificuldades... Não consigo
Achar todos os versos paridos!
A folha já não parece tão alva,
Olho para minha Estrela Dalva!
ABRINDO E FECHANDO, AGORA CONSTANTES
ASSIM COM MAIS LUZ, JÁ POSSO ESCREVER.
ESTIVESTE EM MIM, CONSIGO REVER
Há pouco brilho na vela.
A noite talvez morra com ela...
Olho para o céu, ainda há algumas estrelas.
Conto onze... Faltam ainda três delas!
E REGISTRAR O QUE SÃO DOIS INSTANTES:
A VELA QUE MORRE DE TANTO ACENDER
O MEU PERCEBER ASSIM COMO ANTES...
Escurece... Tudo agora parece
Como se nada no mundo tivesse
Acontecido. Sinto-me esquecido.
Talvez tenha dormido. Pode ter sido
Apenas mais um sonho contigo!
Gilberto Costa
Comentários
Postar um comentário