FATOS SEM FOTOS DA FOLIA
A COLOMBINA DO ARMÁRIO
Fim do relacionamento conjugal. A tristeza que há tempo pesava sobre o espinhaço daquela jovem, ainda na fulô da idade. Festa de Santana e nada, não conseguia sair de casa nem para assistir às novenas! Noite de Natal e Ano Novo, mesmo jeito, recolhimento total. E era de dá dó naquela menina!
Carnaval 2012! Um rebuliço desde o início de fevereiro começa a tomar conta da pobre recolhida. E ela mexeu no guarda-roupa e encontrou algumas peças que lhe caíam bem. Afinal, ainda exibia e mantinha a estética quase intacta. Dava para impressionar, segundo lhe respondia o espelho!
Prepara-se para sair no Camburão da Folia e desiste. Vem a quinta-feira e ela resolve promover sua reestreia no PSICOLFOLIA. Não tem jeito. Teme o falatório. E chega a sexta-feira! “Virgens do Treme-Treme ou Quengas do Magão”? Virgem não. Virgem treme! Melhor quenga. Quenga aguenta rojão!
E sai fantasiada de mãe recém parida! Improvisando um bebê, promove sua irreverência como se estivesse amamentando. E foi tomando uns goles de samanaú! E foi ficando solta! E começou a dar uns pinotes! E não agüentou mais ficar na solidão e foi buscando outros braços... E em pouco tempo, no meio de suas duas almas gêmeas, uma cabeça de carne e osso! E o inxirido cantando: “Mamãe eu quero, mamãe eu quero mamar...”!
Ali na Senador José Bernardo, próximo ao Bar de Seu Rosimiro, alguém pergunta: “Cadê o boneco”?
E o descarado, largando momentaneamente o peito da colombina responde: “foi pra galera! E discostas”!
LIBERDADE À PORTA BANDEIRA
Sábado de carnaval. Bloco do Magão. Cruzamento da Seridó com Coronel Martiniano e dois amigos se encontram! Parece milagre aquele encontro não programado em meio a tanta gente! Apertos de mãos! Abraços! A felicidade comum estampada em seus rostos! Em seguida um pergunta para o outro:
- E a namorada? Ficou em casa? Ta na boa felizardo!
A resposta: -“Não, ela está solta na folia!
O dono da pergunta raciocina rápido e dialoga consigo mesmo! Fundamento anti-chifre número um: “Jamais um mestre-sala deve permitir o livre-arbítrio a sua porta-bandeira”. E dispara no meio da multidão!
O amigo, sem entender a atitude repentina do outro, indaga-lhe:
- Ei, vás pra onde?
E ele: - Recompor a Comissão de Frente!
A BUFA DA TERÇA-FEIRA
O relógio apontava 19h00min h. Proximidade do Açougue Público. E ela parte silencioso, tendo os narizes foliônicos como destino! Dispersão total no Bloco do Magão! Corre corre! Todos transformando as mãos em máscaras!
Abre-se um corredor na avenida! Alguém pergunta: “O que foi”? A resposta: “Uma bufa! A mais tirânica que já senti! Acho que esse infeliz deve ter passado todo o carnaval guardando essa bufa para só liberá-la hoje, terça-feira! Ah, cão”!
E cada um passa a dar opinião sobre a intrusa. E os pontos de vistas eram os mais diversos até alguém sair como essa: “Que nada, essa bufa é cultural”! “Cultura porra nenhuma, isso é enxofre puro”, rebate o exaltado! E trava-se o diálogo:
- É cultural, sim, insiste o autor da sacada. E foi uma homenagem a Chiquinha Gonzaga!
- Como, indaga o folião inconformado?
- Essa foi a bufa Ô Abre Alas!
E todos caíram na gargalhada! E seguiram o percurso cantando: “Ô abre alas que eu quero passar...”.
Gilberto Costa
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