O RIO SERIDÓ

O rio não tem mais sangue nas veias. O rio não tem mais lençóis de areias. O rio não tem mais corais de sereias. O rio já não tem maiores cheias. O rio não reflete mais a lua cheia. O rio não tem mais corpo de rio. O rio não tem mais palidez de rio. O rio não tem mais pernas de rio. O rio não tem mais braços de rio. O rio não recebe mais abraços Das meninas e meninos do rio! O rio não fica mais de nado Para o gorjeio afinado dos sapos do rio; Para o nado sincronizado dos peixes do rio. O rio não tem mais agasalho nas margens. Rasgaram os enfeites dos Juazeiros E seus pingentes de ouro! Rasgaram os tecidos dos Juremais E o penteado das Cajacas de Couro! Rasgaram os bordados dos Mofumbais De seda e seu cheiro de almíscar! Rasgaram as rendas dos Marizeiros De botões brilhantes nas calças! Rasgaram suas longas Oiticicas De sombras e mangas compridas! O rio não é mais praia nos domingos de sol! O rio não sedia mais partidas de futebol! O rio não atrai mais os banhistas! O rio não é mais motivo de conquistas! O rio não corre mais feito atleta. Escora-se nas locas das pedras E esconde sua cara com vergonha! Gilberto Costa

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