Déficit de intensivistas dificulta a criação de novos leitos de UTI no RN

De Jéssica Barros para o Diário de Natal Um déficit crônico de profissionais de saúde intensivistas dificulta a criação de novos leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) no Rio Grande do Norte. É o que alega o coordenador do Samu Metropolitano, Luiz Roberto Fonseca, que está à frente da execução do Plano de Enfrentamento para os Serviços de Urgência e Emergência do RN. Luiz Roberto explica que, devido ao plano de emergência, o RN deverá contar com 63 novos leitos de UTI, num período de 180 dias, distribuídos entre a Grande Natal e Mossoró O médico intensivista é aquele profissional, geralmente clínico geral, que tenha residência médica ou curso de imersão (com duração de dois anos) em terapia intensa. O coordenador do Samu Metropolitano diz que o déficit dessa mão de obra no estado não é exclusiva da rede pública e acontece também no setor privado. Segundo ele, essa especialidade exige muito do profissional e, devido ao constante estresse das suas atribuições, a qualidade de vida também é prejudicada, por isso a especialidade é pouco procurada. Luiz Roberto Fonseca lembra do último concurso realizado pelo estado, em 2010, para contratação de profissionais intensivistas: 20 vagas foram abertas, 12 candidatos foram se inscreveram e apenas sete se apresentaram. Segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap), a rede pública conta hoje com 151 leitos de UTI (entre neonatal, infantil e adulto), dos quais 96 leitos são destinados a adultos. Onze unidades públicas hospitalares contam com UTI adulta - Natal, Parnamirim, Mossoró, Currais Novos e Pau dos Ferros. Já em relação à UTIs neo e infantil, são apenas seis unidades, sendo apenas o Hospital da Mulher, em Mossoró, e o de Currais Novos, fora da região metropolitana da Natal. O Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL) não aparece no controle da Sesap e os 60 leitos que ganhará dentro do plano emergencial da saúde serão de retaguarda. Regionais Uma das vertentes do Plano de Enfrentamento é o fortalecimento dos hospitais regionais com o intuitode desafogar os hospitais referência da rede pública, atendendo à demanda de pacientes que necessitam de procedimentos sem grande complexidade. De acordo com o plano, quatro regionais serão contemplados com ampliação e reformas: Macaíba, Santo Antônio, São Paulo do Potengi e Caicó. Os investimentos não incluem criação de leitos de UTI ou salas de estabilização nessas unidades. Já para as unidades de Touros, Goianinha, Tibau do Sul e Extremoz estão previstas a criação de 15 salas de estabilização nos hospitais, sendo quatro delas até novembro e o restante a partir de dezembro deste ano. De acordo com Luiz Roberto, as salas de estabilização servirão como entrepostos entre esses hospitais e os de referência, o que já deve desafogar consideravelmente os hospitais da capital, juntamente com as novas UTIs. O coordenador do Samu Metropolitano explica que, na sala de estabilização, os leitos serão estruturados como leitos de UTI, contudo o doente crítico poderá passar de 12 à 96 horas enquanto seu quadro não melhoraou não é localizada uma vaga de UTI na rede do estado. Localizada essa vaga, o Samu que realizará a transferência desse paciente. Um paciente, que optou por não ser identificado, diz que passou por cirurgia recentemente no hospital regional de São Paulo do Potengi, e elogiou o atendimento e a qualidade da estrutura da unidade. Ele passou quatro dias em recuperação na enfermaria do hospital, contudo, apesar de ter sido bem assistido, percebeu a ausência de leitos de UTI para casos mais complexos. Mesmo bem equipados e realizando atendimentos e procedimentos cirúrgicos, os hospitais regionais acabam tendo que encaminhar seus doentes mais críticos para os hospitais da capital que possuem leitos de UTI, como o superlotado Monsenhor Walfredo Gurgel (HWG).

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