PELOS OLHOS DA ESTRELAS
Estou a registrar sentimentos coletivos. Estou na multidão de desejos coloridos, Mas nenhum vivente me enxerga! Escrevo o que me vejo nos outros. Exponho meus sonhos aos poucos, Mas nenhum vivente me enxerga! Ponho-me nos beijos dos namorados. Sento-me no lugar dos convidados, Mas nenhum vivente me enxerga! Quase ninguém tem tempo. Quase ninguém é sempre um poeta. Quase ninguém está de alma aberta. Quase ninguém sabe o que ainda resta. Antes de o galo cantar no clarão da manhã, A inspiração me negará três vezes. E somente a ressurreição da poesia Estará a me fazer companhia. Porque quase ninguém tem tempo. Quase ninguém ainda se presta Aos sentimentos do poeta! Gilberto Costa