MEU TEMPO DE CRIANÇA

Inventei poesias nas areias Do Seridó! Com pedaços de cipós, Escrevi versos nos lençóis Tecidos na fiação de suas cheias. Eram versos inocentes! Versos que em estágio tenro Não resistiam ao sopro do vento! Versos que em diáspora se desfaziam De seu intento de harmonia! Inventei poesias nos barreiros! Versos sufocados pelos cascos Do gado! Versos ciscados Pelos pássaros na lousa D'água! Versos pintados pelos pingos Das chuvas! Versos desenhados Pelos mimos, nas revoadas Das garças! Versos sinuosos, Escritos no dorso das Jararacas! Versos do hálito das Ticacas! Inventei poesias no leito do Rio! Rimas encolhidas de frio! Rimas nas revensas das cacimbas! Rimas nas locas das pedras - As pedras redonda e piscina - Rimas no remanso! No estreito! Rimas nas canetas de gravetos Das plantas do meu respeito! Canetas de faveleiras! Canetas de mameleiro! Canetas no celeiro da Ilha No Serrote da Cruz de Sebastião! Inventei poesias no maior Galão Dos dois braços do Seridó! Estrofes nos capuchos do Mocó! Estrofes no despertar do Carijó! Estrofes nos fardos de Carnes-de-sol! Estrofes das minhas remembraças! Estrofes do meu tempo de criança! Gilberto Costa

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